Os romances nunca serão totalmente imaginários nem totalmente reais. Ler um romance é confrontar-se tanto com a imaginação do autor quanto com o mundo real cuja superfície arranhamos com uma curiosidade tão inquieta. Quando nos refugiamos num canto, nos deitamos numa cama, nos estendemos num divã com um romance nas mãos, nossa imaginação passa a trafegar o tempo entre o mundo daquele romance e o mundo no qual ainda vivemos. O romance em nossas mãos pode nos levar a um outro mundo onde nunca estivemos, que nunca vimos ou de que nunca tivemos notícia. Ou pode nos levar até as profundezas ocultas de um personagem que, na superfície, parece semelhante às pessoas que conhecemos melhor. Estou chamando atenção para cada uma dessas possibilidades isoladas porque há uma visão que acalento de tempos em tempos que abarca os dois extremos. Às vezes tento conjurar, um a um, uma multidão de leitores recolhidos num canto e aninhados em suas poltronas com um romance nas mãos; e também tento imaginar a geografia de sua vida cotidiana. E então, diante dos meus olhos, milhares, dezenas de milhares de leitores vão tomando forma, distribuídos por todas as ruas da cidade, enquanto eles lêem, sonham os sonhos do autor, imaginam a existência dos seus heróis e vêem o seu mundo. E então, agora, esses leitores, como o próprio autor, acabam tentando imaginar o outro; eles também se põem no lugar de outra pessoa. E são esses os momentos em que sentimos a presença da humanidade, da compaixão, da tolerância, da piedade e do amor no nosso coração: porque a grande literatura não se dirige à nossa capacidade de julgamento, e sim à nossa capacidade de nos colocarmos no lugar do outro.
Orhan PamukRestava-me o amparo dos livros. Abrigava-me neles da tempestade de todas as dúvidas, e para ali ficava, esquecido das horas, esquecido de mim, observando a paz nocturna dos cães dormindo à minha volta com a serenidade de quem nunca estará de mal com o mundo
José Jorge LetriaTags: leitura
Olho ao redor e vejo que muitos — não todos, mas muitos — problemas que temos poderiam ser sanados, se nossa cultura simplesmente fomentasse o hábito da leitura. Ler livros de ciência, filosofia, história. Ler literatura de qualidade, do tipo que nos toque por uma razão mais profunda, como, por exemplo, por ter algo a dizer para além das futilidades e miudezas da vida, mesmo quando retrata o ordinário da vida, ao mesmo tempo em que o diz com estilo, de um modo ímpar, admirável. Original.
Porém, não somos um país de leitores. Somos o país do futebol transformado em culto, da malandragem elevada a virtude cardinal, do Carnaval tipo exportação. Um país onde há mais letras formando siglas partidárias do que em tudo o que muitos de nossos políticos já escreveram na vida. Um país onde ética se tornou mote para piadas. Onde a democracia não passa de um ridículo teatro de fantoches.
Sim. Olho a meu redor e vejo que muitos problemas que temos poderiam ser sanados, tivéssemos o hábito da leitura. Mas nem sei se alguém está lendo estas palavras.
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Ler é acumular conhecimento. Mas não apenas isso. Ler nos oferece todo dia o que a religião nos promete para um futuro póstumo e improvável: a possibilidade de vivermos mais do que nosso tempo de vida nos permite fazê-lo.
Camilo Gomes Jr.I- A Primeira Etapa da Leitura Analítica: Regras para Descobrir de que se Trata um Livro
1. Classifique o livro de acordo com o tipo e o assunto
2. Diga de que se trata todo o livro com a máxima concisão.
3. Enumere as partes principais por ordem e segundo a relação que guardam entre si, e delineie essas partes da mesma forma que você delineou o todo.
4. Defina o problema ou os problemas que o autor tentou resolver.
II- A Segunda Etapa da Leitura Analítica: Regras para interpretar o Conteúdo de um Livro
5. Assimile os termos do autor interpretando-lhe as palavras-chave.
6. Aprenda as principais porposições do autor examinando-lhe os períodos mais importantes.
7. Conheça os argumentos do autor, descobrindo-os nas sequências dos períodos ou construindo-os à base dessas sequências.
8. Determine quais os problemas que o autor resolveu e quais os que não resolveu; e dentre estes, indique quais os que o autor sabia que não conseguiria resolver.
III- A Terceira Etapa da Leitura Analítica: Regras para Criticar um Livro encarado sob o prisma da Comunicação de Conhecimentos
A- Preceitos Gerais da Etiqueta Intelectual
9. Não comece a crítica enquanto não completar o delineamentoe a interpretação do livro. (Não diga que concorda, discorda ou suspende o julgamento enquanto não puder dizer “Entendo”.)
10. Não faça da discordância disputa ou querela.
11. Demonstre que reconhece a diferença entre conhecimento e mera opinião pessoal apresentando boas razões para qualquer julgamento crítico que venha a fazer.
B- Critérios Especiais para Tópicos de Crítica
12. Mostre em que ponto o autor está desinformado.
13. Mostre em que ponto o autor está mal informado.
14. Mostre em que ponto o autor é ilógico
15. Mostre em que ponto a análise ou explanação do autor é incompleta.
Tags: leitura
Ler é mais importante que estudar
ZiraldoTags: leitura
Só você me amou à primeira leitura e eu? A pornografei.
Filipe RussoTags: leitura amar pornografar à-primeira-leitura
Em casa, lia a maior parte do tempo; tentava assim extinguir sob impressões exteriores o que fervilhava constantemente em mim. As únicas expressões exteriores de que dispunha vinham-me da leitura. Elas eram pra mim um grande conforto, naturalmente: comoviam-me, distraíam-me, atormentavam-me; porém um momento chegava em que eu ficava muito fatigado. Sentia necessidade de agir: então, de repente, mergulhava na libertinagem, em uma sórdida libertinagenzinha hipócrita, subterrânea. Minha irritação contínua tornava minhas paixões ardentes, lancinantes. Meus impulsos apaixonados terminavam em crises de nervos, com lágrimas e convulsões. Fora da leitura eu não tinha nenhuma distração. Nada em torno de mim que pudesse me impor um certo respeito e me atrair para si. Uma angústia vaga me submergia; eu experimentava uma sede histérica de contrastes, de oposições, e então me lançava na devassidão.
Fyodor DostoevskyTags: amor leitura paixão devassidão
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