Estava eu a dizer ao António que o cão não passa este inverno - declarou meu pai
- para ele era uma sorte se morresse.
- Não morre! - disse eu, aflito.
Mas Tomás aproximara-se também:
Que é que tu esperas do cão? Viveu, tem de morrer.
Não havia ali, porém, uma acusação. Havia só o reconhecimento de uma evidência
serena. Mas justamente para mim o que era evidente não era a morte, era a vida.
Como podia o cão morrer? Como podia morrer a sua pessoa?
Auteur: Vergílio Ferreira